02/05/2008
Apesar de gerir uma reserva especial de recursos que lhe garante o pagamento de sua estrutura operacional e presença como agente de crédito em todos os municípios da região, o Banco do Nordeste adquiriu fama de lerdo, exageradamente exigente nas suas garantias e burocrático ao extremo nas rotinas de tramitação dos projetos. Mas, dos últimos meses, alguma coisa mudou na instituição.
O velho BNB deu maior autonomia a suas agências, celerizou o processo de racionalização e simplificação de rotinas, procedimentos e exigências burocráticas. Também liberalizou a aceitação de garantias hipotecárias e passou a oferecer ao mercado (com recursos próprios e prazos de até 48 meses) capital de giro com taxa de juros atrativas (1% ao mês) para suprimento de eventuais déficits de caixa das empresas. Tem mais: O BNB agora está financiando com recursos do FNE as exportações de pequenas e médias empresas em real – o que, tecnicamente, abre a perspectiva de crédito de ganho cambial para o exportador.
O diretor de Infra-estrutura do BNB, Pedro Lapa, esclarece que isso não está acontecendo por acaso. O banco entendeu que para aplicar os R$ 12 bilhões/ano do FNE que pretende teria que mudar de patamar e foi ao mercado ouvir instituições e listar suas reinvidicações. Das federações de empresários aos movimentos sociais para os projeto do Pronaf e programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A instituição então se reorganizou internamente e começou a operar no crédito de curto prazo, que tem potencial de negócios nas linhas de capital de giro.
» Ousadia e aposta na região
Pedro Lapa vai mais longe. O banco mudou a concepção de suas agências, não mais em função de tamanho, mas do mercado onde atuam. Agora, em financiamentos até 30 mil (com recursos do FNE), basta o plano de negócios. Até R$ 100 mil o projeto é aprovado na própria agência. Além disso, nos projetos de até R$ 3 milhões o superintendente regional pode autorizar. E nos de até R$ 30 milhões o superintendente aceita a carta-consulta. Em Fortaleza, a diretoria só analisa operações estruturadas de grande porte.
» O outro lado
O discurso é bonito, mas e o cliente? O consultor financeiro Ricardo Di Cavalcanti, da Di Cavalcanti & Associados, reconhece que, de fato, o comportamento da instituição mudou nos últimos meses e até virou rotina o gerente do banco pedir mais proposta dos clientes.
» Garantia suave
Di Cavalcanti destaca que algumas linhas surpreenderam o mercado de consultoria financeira. Alienação de bens pré-existentes permitem a aceitação de garantias menores, mesmo que eles não tenham sido financiados pelo banco, e a substituição de garantias.
» Boas condições
Na verdade, esclarece o consultor, isso permite a rápida liberação de um bem que o cliente ofereceu (desde que o substitua por outro da mesma natureza) ou que liquide a parcela do saldo do bem. Na prática, libera o bem para outras operações, inclusive no próprio banco, em melhores condições.
» Análise de risco
Outro aspecto que o consultor destaca como positiva foi a melhoria na qualidade da análise de risco da operação que o banco passou a adotar. Para o cliente, isso é importante porque revela que a instituição agora analisa, tecnicamente, as reais perspectivas de sucesso na operação e não só as certidões.
» Ainda há muito o que fazer
Não se pense que o BNB virou top de linha em crédito de longo prazo por acaso. Lapa adverte que se o banco melhorou sua atuação foi por exigência do mercado, metas mais amplas, mas ainda há muito o que fazer.
» Potencial de novos negócios
O que Lapa não diz é que o BNB já não está sozinho como agente de crédito de longo prazo na região. Ao parceiro estratégico (BNDES) estão se juntando Banco do Brasil e Caixa, que disputam o novo mercado regional.
» Exportação
No caso das exportações para micros, pequenas e empresas de médio porte (indústrias, agroindústrias, comércio e prestação de serviços) o banco financia agora da matéria-prima ao estoque – até insumos para prestadoras de serviços – em até 12 meses.
» Para micro
Segundo Lapa, o objetivo é estimular empresas a chegarem ao mercado externo (já com custos na perspectiva da cotação dólar atual), onde o BNB financia a operação com taxas de até 3,75% ao ano e bônus para quem paga no vencimento, que é quase juro negativo.
JORNAL DO COMMERCIO
JC Negócios
Fernando Castilho
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Di Cavalcanti Consultoria Empresarial