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Os Caminhos do Crédito

Imprensa


04/12/2005

Os Caminhos do Crédito

Crédito - Erros das empresas impedem liberação

Erros simples cometidos pelas empresas são empecilhos para a liberação de financiamento. Os bancos são muito exigentes na hora de emprestar dinheiro, mas as regras são claras. Segui-las ao pé da letra é complicado, mas, em compensação, a garantia de crédito é quase certa. O JC inicia hoje a série Os caminhos do crédito, que vai até terça-feira, sobre os principais equívocos das empresas e as melhores maneiras de evitá-los. As matérias também vão mostrar os casos de empresários que não conseguiram um tostão dos bancos e os motivos do fracasso, além de empreendimentos que receberam financiamento. As reportagens são de Ines Andrade e Viviane Barros Lima, com fotos de Renato Spencer.

A burocracia existente na concessão de crédito no Brasil é alvo de críticas do empresariado em geral. Grande parte da categoria acredita que os bancos fazem de tudo para impedir o acesso das empresas ao financiamento, com excesso de exigências e garantias. Mas, muitas vezes, são erros simples cometidos pelas empresas na hora de elaborar o projeto de expansão ou implementação que dificultam a negociação junto às instituições financeiras. Há casos de equívocos logo na primeira fase do pedido de crédito: o cadastro bancário.

Qualquer empresa que for fazer um financiamento com banco público ou privado é obrigada a preencher um cadastro junto a instituição. Ele deve conter várias informações sobre a pessoa física ou jurídica, como dados sobre o patrimônio, a situação econômico-financeira, a experiência de crédito, entre outros. Um dos aspectos mais importantes dessa fase são as restrições cadastrais. Muitas empresas fazem o pedido de crédito mesmo estando em situação irregular com alguma instituição financeira ou órgão governamental. Os bancos públicos não emprestam dinheiro a empresas que estejam com débitos com qualquer que seja o órgão público.

Outro problema na hora do cadastro são as informações incorretas sobre a situação econômico-financeira do negócio. Se a contabilidade da empresa não está atualizada, os dados concedidos aos bancos podem ser diferentes da realidade. Há equívoco, por exemplo, quando o valor dos imóveis pertencentes à empresa está desatualizado. Algumas empresas sequer elaboram balanço ou balancete por negligência. “Para se fazer a análise do crédito, o banco precisa do balanço”, reforça Juscelino Bourbon, diretor da Associação das Empresas de Consultoria Empresarial do Nordeste (Assemp). “Há uma confusão na cabeça do empresário que dá garantia ao banco pensando que isso é suficiente quando as instituições estão mais interessadas em saber se a empresa tem capacidade para pagar o empréstimo”, acrescenta Samuel Gueiros, da Cedrus Investimentos.

DOCUMENTOS – Além disso, os empreendedores precisam apresentar uma série de documentos na hora de fazer o cadastro como certidões negativas, contrato social e comprovante de endereço. “Tem empresário que chega no banco sem ter ainda o CNPJ. Outros não trazem as certidões negativas de pagamentos de tributos públicos. Esse tipo de coisa não passa pela avaliação dos economistas do banco”, orienta o gerente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste (BNB), José Gomes da Costa. “Há casos de firmas que funcionaram 15 anos num prédio e só tinham o recibo de compra do terreno”, exemplifica Juscelino Bourbon. “Muitas empresas acham que o banco não vai investigar a situação. Mas eles olham tudo”, completa o consultor financeiro Paulo Bezerra.

As exigências na quantidade de documentos e o elevado número de informações para o projeto terminaram por inviabilizar a oportunidade da Mota e Simplício, situada em Caruaru, de tomar empréstimo para uma nova sede. “Entregamos um calhamaço de 400 páginas só de orçamento e documentação”, lembra Kleber Mota, sócio da clínica médica. Segundo ele, o banco sempre solicitava mais informações.

Uma pequena e microempresa, porém, sente dificuldades na obtenção de todas as documentações, no pagamento de taxas e serviços necessários para o crédito. “Uma pequena empresa que está começando vai gastar uns R$ 5 mil para atender a todas essas burocracias”, calcula Bourbon.

Para se cercar de todos os cuidados, os bancos muitas vezes tornam-se mais exigentes, sobretudo para uma empresa iniciante. Luciana Rodrigues, sócia da Serco Terceirização de Serviços, queria um crédito para abrir a empresa, mas terminou tendo de lançar mão de empréstimos de familiares. Segundo ela, a Serco já estava toda pronta para funcionar, registrada, e chegou a abrir uma conta no banco. Mas a instituição queria uma movimentação de, no mínimo, oito meses. “O empréstimo seria para iniciar a empresa, como eu poderia ter essa movimentação?”, questiona.

Muitas vezes, a falta de organização dentro das empresas provoca problemas de pagamento de tributos e, por isso, não conseguem certidões necessárias para o financiamento. “A maioria das empresas não é organizada”, observa Hugo Luna, gerente da Área de Finanças Corporativas da Deloitte. Uma importante questão analisada pelo banco é o preparo do empresário. A empresa pode ter a melhor das saúdes financeiras, mas se a sua gestão não se mostrar capaz de executar o financiamento, ele não saí. O empreendedor precisa ter um conhecimento amplo sobre o setor em que sua empresa está inserido.

“Precisamos de projetos seguros, não podemos ir torrando o dinheiro de qualquer jeito. O empresário quer tudo muito fácil. Não pode ser assim. Muitos desses negócios novos não vão dar certo”, alerta José Gomes da Costa. “Em certos casos, é até melhor para o empresário que o banco não concorde com o financiamento. Muitas empresas não estão preparadas para investir o dinheiro”, completa o consultor empresarial e diretor da Di Cavalcanti, Ricardo Di Cavalcanti.

Jornal do Commércio - Economia

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