29/08/2009
Hotel como negócio rentável
No começo de maio, equipes do consórcio de agências de viagens que vão vender a hospedagem da Copa de 2014 com a chancela da Fifa deixaram Recife sem fechar o pré-contrato de um pacote de pelo menos 15 mil quartos para o evento, devido às resistências dos hoteleiros em bloquear apartamentos e por falta de acomodações. Depois de uma semana conseguiram reservar 70% da meta, incluindo unidades em Porto de Galinhas.
As dificuldades de acomodação, embora isso não esteja explicitado, é para o Recife, hoje, um dos maiores desafios em relação à Copa do Mundo.Embora já existam sinais de que pelo menos cinco novos empreendimentos devem ser construídos até lá a questão preocupa. E porque o modelo de negócios do setor não se apoia apenas no evento, mas na reserva de acomodações para atender ao mercado do turismo de negócios e na ocupação gerada pelas obras dos grandes projetos de Suape. Em pelo menos um caso, o Grupo Pontes, a necessidade de atender a esse mercado foi o que levou a empresa a comprometer apenas 70% dos quartos de seus hotéis com a Copa de 2014, segundo revela seu diretor, Luis Guilherme Pontes.
Entretanto, a decisão de investir na construção de hotéis no Recife, já não se apoia apenas no evento Copa do Mundo ou no turismo de negócios. Na verdade, diz o empresário Alvaro José Ferreira da Costa, cujo grupo (Rio Ave) pretende implantar três novos hotéis no Recife, é a perspectiva da remuneração sobre o capital investido que a cada dia leva mais empresas a pensarem no setor hoteleiro como mais um negócio pelas perspectivas de rentabilidade.
» Aumento das taxas de retorno
Essa parece ser a marca do anúncio de novos projetos de hotéis no Recife: investidores capitalizados noutras atividades, interessados num setor com boas perspectivas de remuneração. Mais um negócio no seu portfólio e não o negócio do operador. Sim, a razão do interesse é que, com a queda nas taxas de juros a partir de uma Selic de 8,75% ao ano, operar um hotel que remunere o investimento acima disso passou a ser um negócio interessante para os grandes investidores.
» Opção pelo flat
O gerente de negócios da Moura Dubeux, Tony Vasconcelos, fecha com o conceito. Mas diz que investir no segmento não é interessante apenas para o empreendedor. O investidor de pequeno porte pode entrar no ramo. Clientes do nosso grupo fazem isso com a bandeira Beach Class, diz.
» Lucro constante
A Moura Dubeux tem dois e constrói outros dois flats na bandeira Beach Class. E aposta não só na Copa de 2014, mas no mercado que terá antes e depois do evento. Com a tendência das taxas atuais, diz Vasconcelos, 0,6% ao mês num flat, cujo valor do imóvel cresce, é bem interessante.
» Modernização
O maior desafio hoje parece ser para quem já está no ramo se modernizar. O presidente da ABIH-PE, José Otávio Meira Lins, admite que o mercado melhorou, a taxa de ocupação subiu, mas o empresário local que sobreviveu à crise acumulou débitos com o governo. E essa atualização do hotel não é fácil.
» Nova certidão
De fato, obter as chamadas certidões exigidas pelos bancos é quase impossível. O novo Refis é a esperança da maioria deles. O problema é que em boa parte dos hotéis locais o reprofit (como o setor chama a atualização) pode significar um investimento muito alto, o que tem assustado aos hoteleiros.
»Dinheiro mais fácil no BNDES
Dinheiro tem, segundo diz o consultor de empresas, Ricardo Di Cavalcanti, que vem orientando a construção de novos projetos no setor de hotelaria e outros de modernização via BNDES e Banco do Nordeste, via o FNE.
»Maiores carências e prazos
Na opinião do consultor, a vantagem das novas linhas está na carência e na redução nas taxas de juros. Empresas de porte médio têm hoje juros real no financiamento do FNE e nas linhas do BNDES perto de zero, diz.
» Terreno caro
A queda no volume de investimentos no setor hoteleiro do Recife, segundo o diretor da DMC Imóveis, José Carlos Cordeiro, se deve ao fato de que, há muitos anos, investir na construção residencial é bem mais rentável. Não só sobre hotel, mas sobre outros ativos.
» Imóvel de luxo
José Carlos lembra que o mercado também foi para o flat. “Na Avenida Boa Viagem ele remunera bem ao investidor”diz. Mas ele lembra que não se pode deixar de observar que o valor dos terrenos ali reavaliou o padrão de todos novos imóveis distanciando-os dos hotéis.
JORNAL DO COMMERCIO
JC Negócios
Fernando Castilho
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